Por Maria Rita de Cassia Souza da Silva e Amanda Gabriela de Mesquita da Silva, pedagogas em formação.
29/11/2018.
Esta página contém uma síntese das matérias publicadas neste blog,onde fizemos uma entrevista com Leila Regina Siqueira de Oliveira Branco, que é Pedagoga, especialista em gestão escolar e coordenação pedagógica e especialista em literatura infantil. A professora nos deu o prestígio de falar a fundo dos conteúdos publicados acrescentando ainda mais conhecimentos para nossos visitantes do blog. Agradecemos desde já a sua colaboração!
Leia abaixo a transcrição da entrevista que fizemos:
Como surgiu o uso das tecnologias em sala de aula e porque elas são importantes nos dias de hoje?
O uso de tecnologias não é recente. Se observarmos bem, utilizamos tecnologias desde sempre, pois estamos rodeados delas. O que é mais recente é o seu uso na educação, embora já tenha sido utilizada desde os anos 40, com o início da educação à distância.
Já a internet surge no Brasil em setembro de 1988, quando o Laboratório Nacional de Computação Científica (LNCC) teve seu primeiro acesso. Inicialmente essas conexões eram somente acadêmicas, institucionais e só alguns anos depois foi democratizada e aberta a empresas e aos usuários em geral.
Atualmente elas ocupam lugar de destaque na vida das pessoas. Não sabemos mais viver sem as tecnologias da informação e da comunicação e por isso elas são tão importantes também na escola, pois fazem parte do nosso cotidiano e a escola não tem como se desvincular da realidade.
Os professores têm se apropriado desse recurso com facilidade, de modo que são qualificados para a inserção da tecnologia na educação? Como?
Alguns avanços têm sido percebidos, mas ainda são tímidos, principalmente no que se refere à formação do professor. Além disso, sabemos que a situação da maioria das escolas públicas, por exemplo, é precária em relação à aquisição e manutenção de equipamentos tecnológicos. Em alguns casos, quando a escola tem um laboratório de informática, falta pessoal qualificado ou direcionado para esse trabalho. É preciso que o professor e o profissional responsável por esses laboratórios nas escolas tenham formação para o uso pedagógico dessas tecnologias, pois não basta saber lidar com o hardware e software, é preciso saber como essas tecnologias podem auxiliar o processo de aprendizagem, caso contrário será só mais um entulho na escola.
Sabemos que os celulares estão presentes na vida das crianças e jovens atualmente, embora ainda haja muita resistência por parte das escolas em relação a utilização do celular como ferramenta educacional. O que você pensa disso?
Infelizmente a escola ainda não está conseguindo resolver algumas situações. Ela pode tornar o uso de celular um aliado no processo de ensino e aprendizagem. Inclusive se o celular não tiver internet, outros recursos podem ser utilizados como, por exemplo, a calculadora, o relógio e o timer e o calendário. O que falta é uma formação adequada para que os professores possam aprender novas estratégias de uso da tecnologia.
A tecnologia em sala de aula não se restringe a aparelhos eletrônicos, pode abranger diversos recursos, como publicamos em uma matéria do blog que se chama Projetos de Infância: jogos e brincadeira. A matéria mostra alguns materiais que podem ser confeccionados pelo professor. Também falamos sobre tecnologia assistiva, mostrando uma nova série feita em Libras. Para você, qual a distância entre essas duas possibilidades de tecnologia na educação? Existe uma mais importante que a outra?
Toda tecnologia precisa ser bem utilizada. Não adianta a escola estar cheia de aparatos tecnológicos se eles não são utilizados de forma a colaborar para que o aluno aprenda e para que o professor trabalhe de forma mais interessante. Qualquer tecnologia tem sua importância desde que seja utilizada com objetivos bem definidos e estratégias que contribuam para uma aprendizagem significativa. Um simples piloto pode fazer uma revolução na sala de aula, mas o professor precisa saber fazer e isso requer formação continuada por parte rede à qual ele está ligado e da sua própria vontade de aprender, o investimento em sua própria formação.
Assim como a tecnologia assistiva, a música também pode ser uma importante ferramenta para a inclusão em sala de aula. Você acha que o trabalho com a música estimula o aprendizado e promove a inclusão? De que modo?
Sou suspeita para falar, pois amo a música! Já trabalhei em uma escola que tinha um sistema de som e deixava que os alunos levassem seus cds para serem tocados no recreio. Sempre que isso acontecia, o recreio era muito mais tranquilo. Acredito no poder libertador e curativo da música e, porque não, no poder de promoção da aprendizagem. A arte em geral promove aprendizado e inclusão, mas também nesse sentido esbarramos na falta de formação e de investimento na área, apesar de acreditar que não é necessário ser PHD para fazer um trabalho significativo com a música. É preciso, antes de tudo, abrir o coração à sensibilidade que a música promove. E assim abrir o coração da escola também.
Dentre tantas maneiras de se incluir ferramentas de aprendizagem com o uso das tecnologias, não se pode esquecer da importância do brincar, principalmente na educação infantil. Como fazer com que a criança atribua essa nova ferramenta sem tornar dispensável a questão do brincar?
É preciso que a escola promova o brincar. Isso é imprescindível. Estamos criando uma geração de pessoas individualistas, que se trancam em um mundo tecnológico e esquecem da importância da interação. Isso dá margem à proliferação de pensamentos equivocados sobre a educação: gente achando que a educação à distância serve para os anos iniciais, por exemplo. Já imaginaram nossas crianças sem o contato com os colegas na escola? Interagindo apenas com máquinas? O que dizer sobre o conceito de “homem como um ser social”? A escola precisa resgatar o brincar, não só na Educação Infantil, mas ao longo do Ensino Fundamental. Assim teremos uma sociedade muito mais feliz, cooperativa e solidária.
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